sábado, 13 de setembro de 2008

Sem mais; atenciosamente...

Adeus adeus...

Deixarei que respire todo o ar que puder sem pressa
E que veja-se livre da aflição da minha boca
Deixo seus abraços soltos e sua pele macia entregue
Largo na porta dos fundos uma caixa cheia de olhares meus
Uma jarra cheia da minha saliva misturada com meu suor, para que se banhe de minha ausência e de meus desejos

Transbordando dos olhos o medo da confiança
O retropasso do abismo de perdições apaixonantes
O silêncio barulhento de minhas mãos em seu corpo nu e parado
Seus lábios estáticos e seu abraço dormente pedindo por socorro em meus ombros

D
eixo a ti todas as cartas que nunca escrevi e minhas declarações espontâneas
Meus suspiros e meus gemidos ofegantes estão debaixo do tapete da sala dentro de um envelope velho
Queimei meus documentos e enterrei as cinzas no quintal
Troquei todas as janelas por papel celofane e lhe deixei um tanto de esperanças mal compartilhadas
Um punhado de vontades frustradas penduradas no varal
Entupi a privada de sonhos e promessas
Desmontei todos os móveis e eletrodomésticos que tinham na casa e montei uma escultura interessante para você lá na garagem

Quando você ler esta carta talvez eu já esteja bem longe;
mas quero que saiba que estou bem...

Já providenciei outro coração para caber um pouco mais de todo este amor despedaçado
Costurei meu nome e o seu dentro da barriga de um homem-bomba e joguei ele do terraço do prédio que sua mãe mora, saí de lá nu para que não desconfiassem do meu caráter e colei a foto mais bonita do nosso casamento em minhas nádegas transpirantes

Vomitei nossas juras de amor num copo de requeijão e deixei na caixinha de cartas
Escrevi um poeminha legal pra você e compus uma bossa das mais chatas e manjadas
Vendi nosso carro por dez mil reais e amarrei cada realzinho em portões e postes por aí

Quanto as marcas de sangue no chão, não se preocupe, furei meus olhos com a caneta para poder aprender mais sobre a vida e agora posso nos ver muito melhor

Já sinto saudades, por tanto estarei lhe enviando toda esta saudade por sedex dentro de pouco tempo e irei te ligar para ouvir sua voz séria e sexy cospir meu nome no chão

Espero que não esqueça que te amo como água

Adeus adeus
desate o nó do seu umbigo

2 comentários:

Anônimo disse...

Humildemente o caboclo planetário pede licença para se juntar a cronicália
Namastê

M.E. disse...

QUANTA LINDEZAAAAAAAA

Abraços infinitos da irmã do mesmo saco da melhor farinha galáctea! =)